06/07/2014

A Igreja dos Meus Sonhos


Eles também guardavam o sábado, descriam da imortalidade da alma e esperavam o iminente retorno de Cristo, que ocorreria após o término de Seu ministério no santuário celestial. Mas os costumes daquela congregação eram um pouco diferentes dos adotados por outras que conheço.

Havia líderes, mas estes eram apenas escolhidos por todo o grupo. E exerciam atividades paralelas, das quais obtinham seu sustento. Desse modo, não podiam ser acusados de trabalhar por amor ao salário ou por não servirem para outra coisa. Além disso,

ninguém tinha autoridade sobre eles; e eles não dominavam sobre o grupo. Apenas coordenavam os trabalhos.

A congregação possuía um local adequado para suas reuniões, onde havia inclusive condições para recreação sadia. Nem sempre, porém, seus encontros ocorriam naquele lugar. Às vezes, dividiam-se em grupos menores e realizavam seus cultos nas casas de alguns dos membros. Noutras ocasiões, reuniam-se em praças públicas ou junto à Natureza.

Nas reuniões, incentivavam a participação, não a reverência. E um deles me explicou porque: “Para muitos, reverência é sinônimo de silêncio e não-participação. Na verdade, deve ser apenas respeito pelas coisas sagradas.” E acrescentou: “Mesmo o silêncio pode ser irreverente se estiver acompanhado pelo desinteresse, que revela não-valorização do que está sendo tratado.”

Os encontros do grupo eram bem informais. Pareciam uma conversa entre amigos ou uma mesa-redonda, onde todos emitiam tranqüilamente suas opiniões, sem medo de errar e ser ridicularizados. O tema das reflexões era escolhido previamente pelo próprio grupo, de acordo com a necessidade ou interesse. Mas, se alguém tinha uma mensagem especial para transmitir aos outros, apresentava-a. Depois, à luz da Bíblia, todos avaliavam juntos o que fora dito.

Usavam uma versão bíblica de linguagem compreensível a todos. E nos cânticos, davam preferência àqueles que refletissem sua experiência e cuja letra realmente lhes traduzisse os sentimentos.

Todos sentiam prazer em pertencer àquela congregação e falavam disso a seus vizinhos e amigos. Era assim que o grupo crescia. As pessoas vinham, ficavam impressionadas com a fraternidade e as idéias do grupo, e logo manifestavam o desejo de fazer parte dele.

Confesso que também desejei ser membro daquela congregação. E estava pensando em solicitar que o secretário providenciasse a transferência de meu nome para lá, quando uma estridente campainha soou. Era o despertador! Estava na hora de me levantar para ir ao trabalho na CPB.

Passei o dia todo pensando se voltara ao passado ou viajara ao futuro. - Robson Ramos, texto publicado na Revista Adventista, em junho de 87, pág. 2.

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